segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Bundle.... afinal o que é? Como fazer?!

Quem trabalha com controle de infecção já ouviu falar do "bundle"...mas que raios é isso!? A tradução mais simples é "pacote".
O bundle é um pacote de medidas que visa prevenir um determinado tipo de infecção. Como sabemos que as infecções são multifatoriais  e por isso os bundles também precisam ser.
Vou neste post falar do Bundle de Cateter Venoso Central em uma UTI Pediátrica. Em janeiro de 2013 nossa taxa de ICS/CVC era cerca de 25 por 1000 cateteres dia....o que é uma taxa alta. Marcamos uma reunião com a equipe da pediatria e montamos o bundle que consistia em:

-check list de passagem
-check list diário de avaliação do curativo e permanência do cateter.
-check list 3 vezes/semana de auditoria preenchido pela enfermeira do SCIH.

Além disso, a médica do SCIH, no caso euzinha....passo visita uma vez por semana com a diarista da UTI pediátrica e discutimos nesta visita apenas a necessidade ou não do cateter.
E sabe o que aconteceu?! Desde agosto não temos casos de ICS/CVC na unidade, a taxa de uso de CVC que em fevereiro de 2013 era de 100% agora em outubro foi para 54% e PICC 45%.
Legal, né?!
Quando utilizamos exemplos fica mais fácil entender...e este é um exemplo de vida real.
Texto por Camila Bicalho e Gisela Valadão

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Controle de Infecção Hospitalar: como descentralizar? Por Gisela Valadão

Tenho observado cada vez mais a necessidade de fazer os gestores hospitalares entenderem a necessidade da descentralização do serviço de controle de infecção hospitalar. Atualmente as acreditações nos fazem enxergar a necessidade dessa descentralização para alcançar a excelência no serviço. Na minha prática vejo que o pensamento tem que vir de cima (alta direção), pois muitas pessoas ainda acham que as taxas de infecção hospitalar são do SCIH e que nós que devemos explica-las. Difícil é fazer as pessoas perceberem a necessidade dessa mudança.

Enquanto presenciarmos nas nossas visitas diárias de vigilância de processos ou nas visitas técnicas líderes tentando acobertar ou esconder o erro de seus funcionários a qualidade da assistência prestada estará comprometida.
A instituição precisa enxergar o serviço de controle de infecção como parceiro e aceitar os apontamentos deste como oportunidade de melhoria.
Os gestores precisam comprar e vender a ideia de que o controle de infecção deve fazer parte de rotina de cada um que trabalha em um serviço de saúde.

Texto by Gisela C. Valadão.

Gisela é enfermeira formada pela UFRJ e trabalha em Controle de Infecção há 10 anos com experiência também em consultoria na área de infecção hospitalar e pós graduação em infecção hospitalar.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Grupo de Higienização das Mãos

No post de hoje eu quero responder a uma dúvida que eu tinha há alguns meses e acho que muito de vocês também devem ter...."Um Grupo de Higienização das Mãos é uma boa ideia, um mal necessário ou uma roubada?!"
Há alguns meses eu responderia que era uma roubada...isso mesmo....uma roubada....como vocês já sabem desde o primeiro post...eu não gosto de nada em controle de infecção que seja uma enrolação sem fim e sem repostas. Então o que me fez mudar de opinião....os resultados.

Há cerca de dois anos o Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo criou o projeto "Mão Limpas São Mãos Mais Seguras" que é baseado na estratégia multimodal da OMS e foi assim que eu fui apresentada a esta entidade que é o Grupo de Higienização das Mãos.

Num dos hospitais que trabalho convidamos um representante de cada unidade de internação e unidades de terapia intensiva(médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, fonos), além de farmácia, laboratório, hotelaria, banco de sangue, nutrição e educação continuada. Achei bem interessante pois a primeira coisa que fizemos foi responder o questionário da OMS e ao final obtivemos pontos suficientes para o "nível básico" e a partir daí traçamos o objetivo de alcançar o "nível intermediário" em um ano utilizando para isto os pontos que não pontuamos ou pontuamos pouco no questionário.
Hoje temos um grupo bem estabelecido, fazemos duas campanhas de higienização das mãos anuais, temos cartazes institucionais de incentivo a higiene das mãos, protetor de tela entre outros.
Ah....muitos devem estar pensando....como dinheiro é fácil....fizemos tudo isso sem uma verba institucional fixa...!!!!
Bjocas e até o próximo post....ah...alcançamos o "nível avançado este ano"...

terça-feira, 2 de julho de 2013

Diálise e Infecção Hospitalar

Este também é um tópico bastante polêmico no qual acho que o mais importante é mais uma vez o EQUILIBIRO...uma vez que a Nota Técnica Nº 006/2009-GGTES/ANVISA que se refere a diálise de agudos tem uma página e meia. Eu sei que existe também a RDC 154/2004 porém esta é a legislação para diálise de crônicos.
O que acontece é que a maior parte de nós que fazemos controle de infecção acabamos por extrapolar a RDC 154 para diálise de agudos no que diz respeito ao controle da água por exemplo. Mas algo fundamental para diálise de agudos que deve ficar muito claro é que de acordo com a Nota Técnica 006/2009 é PROIBIDO REPROCESSAR OS DIALISADORES, diferente do que acontece na diálise de crônicos onde estes podem ser reprocessados de 12 a 20 vezes.
Porém acredito que há necessidade de melhorar a Nota Técnica assuntos importantes como a rotina e periodicidade da limpeza da osmose reversa e a troca da membrana precisam ficar claras, hoje cada serviço faz como quer. Já vi serviços que fazem uma vez por semana até aqueles que fazem uma vez por mês e aí qual é o correto?! E dada a complexidade e riscos do procedimento não podemos ficar assim no " cada um faz como quer"!
Um colega me contou que no hospital que ele trabalhava a vigilância sanitária fez um auto de infração porque eles usavam a água que saía da pia do banheiro do paciente para a diálise e disseram que não podia, quer dizer então que se não houver ponto de diálise eu não posso dialisar ninguém?!
Não disse que era assunto polêmico!
http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/f94c878047457bcb8887dc3fbc4c6735/nota+tecnica+hemodialise+movel.pdf?MOD=AJPERES

domingo, 19 de maio de 2013

Banho com clorexidina previne tudo?!


Neste fim de tarde de domingo estava euzinha estudando e achei este artigo que foi publicado no NEJM em fevereiro de 2013 muito legal sobre banho com clorexidina. Este trabalho é um ensaio clínico, não controlado e não cego realizado em UTIS e Unidades de Tx de Medula Óssea em seis hospitais nos EUA. Ao todo foram 7727 pacientes que foram randomizados para tomar banho com sabonete de clorexidina 2% ou sabonetes sem ação antibacteriana. Resumindo muito....rsrs, o banho diário de clorexidina reduziu significativamente os riscos de aquisição de microorganismos multidroga resistentes e o desenvolvimento de
infecções da corrente sanguínea intra-hospitalares. 
Acho difícil e até questionável aplicar esta conduta a todos os pacientes dos hospital mas acho legal eleger grupos para aplicar esta prática....por exemplo paciente que serão submetidos a procedimentos cirúrgicos, RNs....num dos hospitais em que trabalho estamos fazendo com pacientes da ortopedia e neurocirurgia com bons resultados....quem sabe...fica a dica....Bjo e bom resto de domingo....

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Famigerado Isolamento Reverso!

Vou confessar...ODEIO ESTA EXPRESSÃO!!!!!
O pior é que apesar desta ideia ter caído por terra no século passado várias vezes nos deparamos com placas na porta dos quartos de pacientes com esta frase...."Isolamento Reverso"!
Pelo Guideline de Precaução e Isolamento do CDC já não existe esta recomendação desde a década de 80. No Brasil, o Manual de Arquitetura Hospitalar de 1995 diz o seguinte:
"Sirva de exemplo o ultrapassado “Isolamento Reverso ou
Isolamento Protetor”. O Isolamento Protetor consistia em confinar o paciente imunodeprimido em quarto privativo; a equipe de tratamento envergava, obrigatoriamente, avental, máscara e luvas esterilizadas. Tais medidas dispendiosas, todavia, não atendiam à proteção pretendida, pois, grande parte das infecções hospitalares provem da própria flora endógena do paciente."
O que não significa que o neutropênico febril possa ser colocado ao lado de um paciente com diarreia incontida por exemplo...basta apenas colocar em precaução padrão com restrição de crus e se não for possível colocar em um apartamento, porque nós estamos no Brasil...e sabemos que em 90% dos hospitais temos dificuldades de leitos, coloque numa enfermaria ao lado de pacientes clínicos como por exemplo hipertensos descompensados.
O mais importante em CONTROLE DE INFECÇÃO é o EQUILÍBRIO!!!!!


sexta-feira, 10 de maio de 2013

Programa de Controle de Infecção Hospitalar

Para aqueles que estão começando na vida de infecção hospitalar ou para aqueles que estão na vida mas se sentem perdidos...vou falar sobre o norte que vocês devem almejar e ele tem o nome de Programa de Controle de Infecção Hospitalar....o famoso PCIH! Ele é o alicerce de qualquer CCIH....




Portaria MS 2616/98:
Programa de Controle de Infecção Hospitalares (PCIH) é um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares.



Sendo assim uma coisa importante para lembrar é que:



Programa de controle de infecção hospitalar não é uma agenda de treinamentos!








O PCIH pode sim ser definido como uma agenda onde a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar  consolida TODAS  as atividades que serão desenvolvidas ao longo do ano:
O PCIH deve conter:
Ø Treinamentos;
ØReuniões
Ø Campanhas
Ø Atividades diárias;
ØVisitas Técnicas
Ø Participação em Grupos, por exemplo grupo de Acidente Ocupacional com Material Biológico.

Eu gosto muito do modelo:
O que
Por quê
Quem
Como
Onde 
Quando



Bem é isso....espero ter ajudado!

Próximos dias...



Pessoal,
Prometo nos próximos dias um texto da senhorita Cristiane Primieri sobre gestão e organização do SCIH pois este é o primeiro passo para tudo!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Azul Turquesa

Esta é uma idéia muito legal, fácil de fazer e muito, muito barata e quem vem muito de encontro a semana que passamos pois muitos hospitais aproveitaram esta semana para fazer suas campanhas de higienização das mãos, afinal dia 05 de maio foi o Dia Mundial de Higienização das Mãos. Em 2012 estávamos bolando a nossa campanha e queríamos um símbolo para que os funcionários utilizassem a semana toda. Pensamos em fazer um boton....mas era muito caro. Então alguém teve a idéia de fazer uma fita azul turquesa, acho que foi a Dra Florencia Comello, se não foi me perdoem Cristiane e Gisela....prometo que altero o post. 
Enfim, a fita pegou e hoje toda vez que fazemos uma campanha utilizamos ela como nosso símbolo. Além de ser linda é mega barata....com menos de cinco reais você consegue fazer mais de 100 fitas. Dá um pouco de trabalho mas no fim recompensa muito ver todos os funcionários com a fita e orgulhosos de dizer que aderiram a higiene das mãos! Arraso....


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Higienização - Clique na imagem para ampliar

Olá!
Há algum tempo venho pensando nesta ideia de fazer um blog sobre controle de infecção hospitalar. Mas não queria que fosse um blog para discutir aquelas coisas de infecção que ninguém sabe e cada um faz como quer porque não tem respaldo na literatura. Queria que fosse um blog sobre o dia a dia de quem faz controle de infecção, ideia criativas para sair de perrengues (como diria a Gisela) como falta de grana, falta de apoio, falta de insumos....coisas que qualquer um que faz controle em hospitais brasileiros comuns passa! Para isso vou contar com o apoio das minhas companheiras de jornada Gisela e Cristiane, ambas tem vasta experiência em controle de infecção e eu que além de ter o prazer trabalhar com elas também já trabalhei com Vigilância Sanitária e trabalho com Vigilância Epidemiológica. Ah, só mais uma coisa....este blog é voltado para profissionais da saúde.